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Hiperplasia Prostática Benigna: é preciso se preocupar?

Atualizado em 17 de julho de 2024 |Publicado em 2 de abril de 2021
Por: Dr. Leonardo Ortigara

Hiperplasia Prostática Benigna: é preciso se preocupar?

hiperplasia prostática benigna (HPB) é caracterizada pelo aumento benigno no volume da próstata, sendo considerada como o tumor não-canceroso mais comum no público masculino. Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), ela afeta cerca de 50% dos homens acima de 50 anos e 80% daqueles com 90 ou mais.

Apesar de não estar relacionada ao câncer de próstata, quando não tratada, a condição pode afetar a qualidade de vida e causar complicações graves. Quer saber mais a respeito e conhecer os possíveis tratamentos — incluindo opções modernas e minimamente invasivas? Então, continue a leitura!

Quais são as causas da hiperplasia prostática benigna?

As causas da hiperplasia prostática benigna ainda não são completamente conhecidas. Sabe-se, entretanto, que estão relacionadas às mudanças hormonais ocorridas no organismo, conforme o avanço da idade.

Assim, as alterações causadas pela queda na produção de testosterona (especialmente, na di-hidrotestosterona) são apontadas como as grandes responsáveis pelo desenvolvimento dessa condição. Para se ter uma ideia, a próstata possui o tamanho semelhante a uma noz até por volta dos 45 anos.

Mas, conforme o organismo do homem envelhece, a glândula pode atingir o tamanho de uma bola de tênis!

A HPB pode evoluir para câncer de próstata?

Não. A hiperplasia prostática benigna não tem chances de evoluir para um câncer de próstata e não representa uma predisposição para a doença.

No entanto, os sintomas provocados por essa condição estão relacionados a uma série de problemas urinários. Por exemplo:

  • dificuldade para urinar;
  • sensação de micção incompleta;
  • diminuição da força do jato urinário;
  • gotejamento ao final da micção;
  • necessidade de urinar com mais frequência;
  • noctúria (necessidade de levantar à noite para urinar).

Geralmente, os primeiros sinais começam a aparecer por volta dos 50 anos e podem se tornar mais intensos após os 60. Por outro lado, alguns pacientes que desenvolvem HPB apresentam sintomas amenos. Nesses casos, pode-se conviver com ela sem alterações na qualidade de vida e sem a necessidade de tratamento. 

Por que a HPB provoca problemas urinários?

A próstata está localizada logo abaixo da bexiga e envolve uma parte da uretra, que é o canal responsável por transportar a urina da bexiga para o pênis. Conforme ocorre o aumento, a glândula passa a comprimir, gradativamente, a uretra, tornando-a mais fina e estreita.

Como consequência, a urina passa a ficar estagnada na bexiga, causando bloqueio no fluxo urinário. Quando isso acontece, o homem fica mais suscetível a desenvolver infecções no trato urinário e cálculos na bexiga. Em casos de obstrução prolongada, pode haver, ainda, enfraquecimento da bexiga e danos aos rins.

Como é realizado o diagnóstico da HPB?

O diagnóstico da hiperplasia prostática benigna pode ser obtido por meio de um exame retal, pelo qual o urologista constata o aumento da glândula. Vale destacar que a próstata aumentada não é dolorosa ao toque e não apresenta áreas duras, como acontece no câncer de próstata.

Mas, para além do exame clínico, o médico poderá solicitar exames complementares, visando obter um diagnóstico ainda mais preciso. Os mais frequentes são: 

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Quando é preciso tratar o quadro?

Como já mencionamos, o tratamento para a hiperplasia prostática benigna nem sempre é necessário. A recomendação é que a condição seja tratada quando os sintomas afetam a qualidade de vida do paciente e/ou representam riscos para complicações de saúde.

Do contrário, basta adotar medidas que ajudam a prevenir os sintomas, como reduzir a ingestão hídrica noturna e o consumo de cafeína e álcool no dia a dia. Além disso, é preciso monitorar o quadro durante os check-ups urológicos anuais — a chamada vigilância ativa.

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Quais são as formas de tratamento?

A abordagem terapêutica depende do grau de evolução da hiperplasia prostática benigna, bem como das condições clínicas individuais, sendo definida pelo urologista. Dessa forma, o problema pode ser tratado por via medicamentosa, cirúrgica ou remodeladora.

Tratamento medicamentoso

O tratamento medicamentoso é indicado como alternativa inicial para casos de HPB leves. Basicamente, existem dois tipos de fármacos que são eficientes para tratar a condição: bloqueadores alfa-adrenérgicos e inibidores da 5-alfa-reductase

Os primeiros ajudam a relaxar os músculos da próstata e da saída da bexiga, contribuindo para melhorar o fluxo de urina. Já os inibidores da 5-alfa-reductase bloqueiam os efeitos dos hormônios masculinos responsáveis pelo crescimento da próstata, podendo reduzir as dimensões da glândula em até 25%. Muitas vezes, eles são usados em associação.

Tratamento cirúrgico

Se o tratamento medicamentoso apresentar resultados ineficazes ou pouco satisfatórios, o médico poderá optar pelo tratamento cirúrgico. Esse, por sua vez, pode ser realizado por diversas técnicas.

Ressecção transuretral da próstata (RTUP)

Considerada bastante comum, a ressecção transuretral da próstata (RTUP) tem o objetivo de remover parte da próstata, para diminuir seu tamanho. O procedimento é realizado com o auxílio de um endoscópio e um instrumento cirúrgico. Apesar de ser eficiente, a cirurgia convencional pode causar complicações, tais como infecção, hemorragia, incontinência urináriadisfunção erétil, entre outras.

Prostatectomia robótica

prostatectomia robótica pode ser usada como alternativa à RTUP, principalmente quando a próstata possui um volume muito acentuado. Realizada com o auxílio de um robô, a cirurgia pode ser utilizada para remoção parcial ou total da próstata.

Entre suas vantagens, destaca-se a maior precisão dos movimentos cirúrgicos. Dessa forma, possibilita uma recuperação mais rápida e preservação do controle urinário e da função sexual.

Laser HoLEP

O laser HoLEP (Holmium Laser Enucleation of the Prostate, ou seja, laser de hólmio para enucleação da próstata) é um procedimento cirúrgico minimamente invasivo. Ele é realizado através da uretra, sem a necessidade de cortes e internação, sob sedação ou anestesia locoregional, somente em centros cirúrgicos altamente especializados.

O tratamento é indicado para tratar a HPB com sintomas importantes. Isso é feito por meio da ressecção do tecido prostático aumentado, mas com o cuidado de preservar a integridade dos tecidos saudáveis. Outras vantagens são o baixo risco de sangramento intra e pós-operatório, o rápido alívio dos sintomas e a rápida recuperação.

Tratamento remodelador

O iTind é uma técnica inovadora, segura e efetiva de remodelação da próstata, indicada para tratar a HPB com sintomas severos. O tratamento consiste na colocação de um dispositivo dentro da uretra, através do pênis (sem cortes e sob anestesia), na parte que atravessa a glândula. Assim, a urina pode voltar a fluir normalmente, aliviando os sintomas.

Após uma semana, aproximadamente, o dispositivo é removido. O canal por onde passa a urina, por sua vez, permanece aberto, pois foi remodelado de maneira duradoura (por cerca de três anos).

É preciso realizar o acompanhamento pós-tratamento?

Sim. Todos os pacientes que realizaram algum tratamento para HPB necessitam de seguimento. O esquema de exames envolvidos no acompanhamento anual varia conforme a estratégia terapêutica adotada.

Para concluir, às vezes a hiperplasia prostática benigna precisa ser tratada, para evitar prejuízos à qualidade de vida e maiores complicações. Quem define a necessidade e indica o tratamento mais adequado é o urologista, conforme as condições apresentadas por cada paciente.

Ficou com alguma dúvida? Entre em contato e envie suas perguntas. Já para saber qual é o tratamento mais adequado para suas necessidades, agende uma consulta e faça uma avaliação individualizada!

Material escrito por:
Dr. Leonardo Ortigara
CRM 15149 / RQE 7698