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Incontinência urinária masculina: sintomas, causas e tratamentos

Atualizado em 8 de março de 2021 | Publicado em 8 de março de 2021
Por: Dr. Leonardo Ortigara

Incontinência urinária masculina: sintomas, causas e tratamentos

A incontinência urinária ainda é considerada um tabu pouco discutido no universo masculino. Muitos pacientes que sofrem com a condição sentem vergonha e receio em procurar ajuda médica para tratar a perda involuntária de urina, mas este é o primeiro passo para recuperar o bem-estar e a qualidade de vida.

A incontinência urinária masculina é uma condição que afeta, sobretudo, pacientes ou que foram submetidos à prostatectomia radical. Além disso, segundo um estudo realizado pela Organização Pan-Americana da Saúde e a Organização Mundial da Saúde, 11,8% dos homens com mais de 60 anos convivem com a incontinência urinária.

Incontinência urinária masculina: o que é e quais os tipos?

A incontinência urinária é caracterizada pela perda involuntária de urina devido ao desgaste do tônus muscular da região pélvica ou em decorrência de lesões no esfíncter que impedem o controle sobre a micção. A condição pode ser dividida em três tipos:

Incontinência urinária por esforço

É causada por aumentos repentinos na pressão intra-abdominal, fazendo com que a bexiga não seja capaz de suportar a pressão. Geralmente, os episódios da incontinência por esforço ocorrem em casos de espirros, risos acentuados, saltos, esportes, etc.

Incontinência urinária de urgência

Caracteriza-se por uma vontade repentina e incontrolável de urinar. Muitas vezes, o paciente não consegue chegar a tempo ao banheiro para esvaziar a bexiga. Este tipo de incontinência ocorre quando o músculo detrusor que reveste a bexiga não relaxa adequadamente durante a fase de enchimento, caracterizando a bexiga hiperativa

Incontinência urinária por transbordamento

Decorre do armazenamento da urina por longos períodos, fazendo com que a bexiga fique muito cheia. Quando não há mais espaço para armazenar a urina, ocorre o transbordamento. Esses episódios podem acontecer, sobretudo, devido à diminuição da sensibilidade da bexiga ou obstrução da uretra, causada pelo aumento da próstata.

Incontinência urinária mista

É uma associação entre a incontinência de urgência e por esforço. Ou seja, o paciente que sofre com este tipo de incontinência pode apresentar perda involuntária de urina tanto em situações que provocam aumento na pressão intra-abdominal quanto em situações em que a vontade de urinar é súbita e incontrolável.

Quais as causas da incontinência urinária?

A incontinência urinária masculina pode apresentar diversas causas, sendo que a principal delas está ligada às complicações provocadas pela prostatectomia radical. Pacientes que realizam a cirurgia convencional para a retirada da próstata podem sofrer lesões no esfíncter ou nos nervos que se localizam na região, resultando no quadro de incontinência. 

A condição também pode ser causada pelo aumento da próstata em virtude do envelhecimento natural. À medida que a glândula cresce, ocorre uma maior pressão sobre a uretra, podendo resultar na dificuldade de controlar a urina. A incontinência ainda pode apresentar outras causas menos comuns, como:

  • doenças neurológicas;
  • distúrbios hormonais;
  • tumores;
  • prostatite;
  • prolapso do órgão pélvico;
  • dentre outras.

O impacto da incontinência urinária na qualidade de vida

A incontinência urinária masculina afeta, significativamente, a vida de pacientes que sofrem com a condição. Muitos homens param de frequentar eventos sociais, praticar esportes ou manter uma vida ativa, de maneira geral, por receio de acontecer um episódio de perda de urinária quando estão em público.

Assim, o convívio social pode ficar cada vez mais limitado. Os impactos causados pelas limitações físicas e sociais são observados na autoestima e qualidade de vida do paciente, que pode desenvolver problemas de ordem socioemocional, como a depressão.

Segundo um estudo realizado com pacientes submetidos à prostatectomia em serviço de referência no estado de Minas Gerais vinculado ao Instituto Nacional do Câncer (INCA), causa um impacto muito grave na avaliação geral da qualidade de vida nos primeiros meses e grave após seis meses de cirurgia.

Como tratar a incontinência urinária masculina?

A incontinência urinária tem cura! O primeiro passo para solucionar esta condição e recuperar sua qualidade de vida é buscar ajuda médica para avaliar qual a melhor opção de tratamento para você.

O tratamento para incontinência urinária possui diferentes modalidades, de acordo com o tipo e intensidade da perda de urina. Conheça os principais tratamentos:

Terapia comportamental

A primeira linha para combater a incontinência urinária consiste em identificar e corrigir problemas de comportamento e hábitos de vida que possam estar causando o quadro. Normalmente, é necessário ajustar a dieta, eliminando alimentos que possam estimular o mau funcionamento do músculo detrusor. Além disso, é recomendado acompanhamento com um fisioterapeuta para a realização de exercícios que visam fortalecer a musculatura do assoalho pélvico.

Tratamento medicamentoso

O tratamento medicamentoso é realizado com o uso de anticolinérgicos, capazes de reduzir ou inibir as contrações involuntárias da bexiga. Este tratamento é recomendado em casos de perdas leves a moderadas e também pode ser realizado em associação com a terapia comportamental.

Neuromodulação sacral

A neuromodulação sacral – ou marcapasso neural – consiste no implante cirúrgico de um neuroestimulador e de um eletrodo através de um procedimento minimamente invasivo. Por meio da emissão de estímulos elétricos suaves nos nervos responsáveis pelo controle da função da bexiga e uretra, o dispositivo provoca uma resposta biológica capaz de melhorar os sintomas de incontinência urinária e permitir que o paciente tenha controle sobre micção.

A neuromodulação sacral é considerada uma técnica avançada no tratamento da incontinência urinária masculina, sendo recomendada, principalmente, para casos de bexiga hiperativa e incontinência pós-prostatectomia.

Esfíncter artificial

Considerado padrão-ouro no tratamento da incontinência urinária provocada pela prostatectomia radical, o esfíncter artificial é um pequeno dispositivo implantado cirurgicamente. O dispositivo simula a função esfincteriana de maneira normal, abrindo e fechando a uretra sob o controle voluntário do paciente.

Para isso, o cuff – uma espécie de balonete que contém líquido – comprime a uretra levemente, mantendo-a fechada e impedindo o vazamento de urina. Para urinar, o cuff é esvaziado através da compressão da bomba por 2 a 3 vezes. Ao esvaziar, o cuff descomprime a uretra, permitindo que a urina seja eliminada. Depois de alguns minutos, a prótese retorna à sua posição original, fechando o cuff e a uretra novamente.

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Material escrito por:
Dr. Leonardo Ortigara
CRM 15149 / RQE 7698