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Qual é a relação entre androgênios e vulnerabilidade masculina à Covid-19

Atualizado em 24 de julho de 2020 | Publicado em 24 de julho de 2020
Por: Dr. Leonardo Ortigara

Qual é a relação entre androgênios e vulnerabilidade masculina à Covid-19

Apesar de ser uma doença nova, os fatores de risco da Covid-19 são conhecidos desde os casos mais iniciais: idade avançada, hipertensão, diabetes e outras doenças crônicas. O avanço das pesquisas, no entanto, tem apontado que o sexo também pode ter relação com os casos mais graves da doença.

Pacientes do sexo masculino são mais propensos a desenvolverem sintomas graves da Covid-19, além de apresentarem maior risco de morte. A explicação para esse quadro se volta para os hormônios sexuais predominantes nos homens e nas mulheres. A suspeita é de que enquanto os androgênios interagem mais facilmente com o vírus, os estrogênios têm maior capacidade de proteção para o sistema imunológico.

Androgênios X Coronavírus: qual a relação?

As diferenças do sistema imunológico entre homens e mulheres são conhecidas por contribuir com disparidades em relação às respostas para doenças infecciosas. Por mais que algumas associações com maior morbidade – como hipertensão, doença cardiovascular e algumas doenças pulmonares crônicas – afetem mais os pacientes masculinos, o sexo pode ser um fator agravante para diversas doenças, dentre elas a Covid-19. 

Em colaboração com a emissora norte-americana CNN, a BMJ Global Health analisou dados de 13 dos 20 países com o maior número de casos confirmados da doença até o dia 20 de março de 2020 e constatou que o número de óbitos masculinos causados pela Covid-19 é superior em todos os países se comparado com os números do sexo feminino. Confira na tabela abaixo:

Os dados mais recentes desagregados por sexo serão atualizados continuamente e estarão disponíveis no Globalhealth5050.org/covid19.

* A data do relatório é obtida da fonte usada para cada país e a data em que os dados desagregados por sexo para o número de casos e mortes foram disponibilizados pela última vez. Os dados foram compilados em 20 de março de 2020.

ND = Não disponível

A análise levanta a hipótese de que os níveis de androgênio podem facilitar a infecção pelo coronavírus e agravar os sintomas, como observado nos pacientes do sexo masculino. O coronavírus penetra nas células ao ligar suas proteínas de espículas virais ao receptor 2 da enzima conversora de angiotensina e a ativação da proteína S pelo TMPRSS2. 

O TMPRSS2 é um gene que participa de vários processos, como o câncer e as infecções virais. O receptor de androgênio que regula o TMPRSS2 na próstata também regula o gene em outros tecidos, como o pulmão. Isso explicaria os maiores riscos que pacientes do sexo masculino apresentam ao serem contaminados pelo coronavírus.

Como a TPA pode reduzir os riscos da Covid-19?

O Tratamento de Privação Androgênica (TPA) – comumente realizado em pacientes que sofrem com câncer de próstata – tem sido apontado como um aliado na luta contra o coronavírus. Como ajuda a diminuir os níveis de TMPRSS2, o tratamento pode bloquear ou reduzir a gravidade da infecção do vírus em pacientes masculinos, além de reduzir as complicações dos sintomas provocados pela Covid-19.

Um estudo, publicado pela Annals of Oncology, dividiu pacientes que sofrem com câncer de próstata em dois grupos: o primeiro era formado por pacientes que realizavam o TPA e o segundo por pacientes que não realizavam o TPA.  A pesquisa revelou que apenas 4 dos 5273 pacientes que receberam o TPA desenvolveram infecção pelo coronavírus e nenhum desses pacientes morreu.

Comparando o número total de casos positivos para SARS-CoV-2, pacientes com câncer de próstata que receberam TPA tiveram um risco significativamente menor de infecção em comparação com pacientes que não receberam o tratamento.

Dessa forma, o estudo mostra que pacientes com câncer de próstata que realizam TPA estão parcialmente mais protegidos contra a infecção e gravidade dos sintomas provocados pela Covid-19. No entanto, é importante ressaltar que os estudos não são conclusivos. Novas pesquisas devem ser realizadas em breve para confirmar a veracidade das informações.

Medidas de prevenção devem continuar

Como vimos, as pesquisas levantam a hipótese de que haja menor possibilidade de infecção e agravamento dos sintomas da Covid-19 em pacientes com câncer de próstata que realizam o TPA. Contudo, esses pacientes ainda devem seguir todas as medidas preventivas recomendadas pelos órgãos de saúde.

Além disso, é importante que cada paciente se conscientize sobre o seu papel na luta contra o coronavírus e faça a sua parte para evitar que a doença atinja um maior número de pessoas. Por mais que o TPA possa ser um atenuante na gravidade da doença, esses pacientes ainda podem transmitir o vírus para outras pessoas. 

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Material escrito por:
Dr. Leonardo Ortigara
CRM 15149 / RQE 7698