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Descubra o que há de novo no tratamento da incontinência urinária

Atualizado em 3 de fevereiro de 2023 | Publicado em 28 de fevereiro de 2021
Por: Dr. Leonardo Ortigara

Descubra o que há de novo no tratamento da incontinência urinária

Está em busca de informações sobre tratamento para incontinência urinária? Essa doença do trato urinário é caracterizada pela perda involuntária da urina, e apesar de não colocar em risco a vida de quem sofre com ela, causa um impacto negativo em todas as dimensões da qualidade de vida (social, psicológica, física, sexual), desencadeando fenômenos de depressão, redução da autoestima e constrangimento social

De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a incontinência urinária atinge mais as mulheres (35% da população feminina na pós-menopausa). Porém, os homens também são acometidos por essa doença: 5 a 10% dos homens que tiveram complicações na próstata sofrem de incontinência urinária. 

Felizmente, existem tratamentos realizados pelo urologista que são eficazes para a cura do quadro. Para saber mais sobre o tratamento da incontinência urinária, continue lendo este artigo. 

O que é incontinência urinária?

Consiste na perda involuntária de urina devido à alteração da forma do assoalho pélvico, que se inclina incorretamente e acaba ocasionando a saída da urina de forma desordenada. Quando acomete os homens, a condição, geralmente, está associada a complicações na próstata. 

Quais são as causas da incontinência urinária?

A incontinência pode acontecer por várias razões, tanto em mulheres como homens. É importante lembrar que, alguns medicamentos podem causar problemas de controle da bexiga. Mas, se a causa não for medicamentosa, esse descontrole não é algo normal, portanto, é preciso buscar ajuda médica. 

A incontinência pode ser causada por: infecções do trato urinário, infecção vaginal, irritação e constipação. No entanto, as causas também podem ser estar relacionadas a quadros mais sérios, como:

  • músculos fracos da bexiga;
  • bexiga hiperativa;
  • fraqueza e disfunções do assoalho pélvico;
  • danos nos nervos que controlam a bexiga; 
  • doenças como esclerose múltipla, diabetes ou Parkinson;
  • bloqueio de próstata aumentada em homens;
  • distúrbios hormonais;
  • tumores (benignos ou malignos);
  • doenças como artrite que podem dificultar o acesso ao banheiro a tempo;
  • prolapso de órgão pélvico, quando os órgãos pélvicos (como bexiga, reto ou útero) saem de seu lugar normal. Assim, a bexiga e a uretra não conseguem funcionar normalmente, causando assim o vazamento de urina;
  • prostatite – uma inflamação dolorosa da próstata;
  • lesão ou dano aos nervos, ou músculos da cirurgia;
  • próstata aumentada, que pode levar à hiperplasia benigna da próstata (HPB), uma condição em que a próstata cresce à medida que os homens envelhecem.

Tipos de incontinência urinária

É importante saber que nem toda incontinência urinária é igual. Ou seja, existem vários tipos e causas diferentes que desencadeiam a doença. Assim sendo, a incontinência em homens, mulheres, crianças e idosos, são diferentes. A extensão do vazamento involuntário de urina também varia de um indivíduo para outro. Conheça os tipos mais comuns:

Incontinência urinária por esforço

A incontinência por esforço é causada por uma disfunção do sistema esfincteriano da bexiga. Essa complicação provoca a incapacidade da bexiga de suportar aumentos repentinos na pressão intra-abdominal, e a manifestação mais evidente é a incapacidade de reter a urina em caso de espirros, risos, saltos, esforço físico (como levantar peso), durante relações sexuais, etc.

Incontinência de urgência 

É a perda não controlada de urina (volume de moderado a grande) que ocorre mediante  uma necessidade urgente e incontrolável  de fazer xixi. A  noctúria (acordar à noite para urinar) e incontinência noturna são fenômenos comuns. Esse tipo de incontinência geralmente é causado pela bexiga hiperativa; mas também pode ser causado por infecção urinária ou alteração dos nervos que ficam na base da bexiga.

Incontinência mista 

Esse tipo de incontinência associa os dois tipos citados. Ou seja, ocorre quando os sintomas típicos de incontinência por esforço e urgência coexistem.

Tratamentos comuns para incontinência urinária 

O tratamento da incontinência urinária depende muito do tipo e do grau da doença. Existem tratamentos cirúrgicos, medicamentosos e fisioterapêuticos, cada um indicado para determinado tipo do problema.O tratamento escolhido é baseado em fatores como:

  •  idade do paciente;
  • estilo de vida;
  •  condições médico/clínicas;
  •  grau de perda.

Para os casos mais simples, o tratamento medicamentoso – com o uso de anticolinérgicos – associado a mudanças no estilo de vida e exercícios fisioterápicos para fortalecer os músculos do assoalho pélvico podem ser suficientes para que o paciente recupere sua capacidade de controle sobre a micção. 

No entanto, em casos mais graves, os tratamentos anteriores podem não garantir o resultado desejado. Nesses casos, o mais indicado é recorrer aos tratamentos mais modernos para combater a incontinência urinária. Dentre os mais recentes, podemos destacar o esfíncter artificial e o marca-passo neural. Saiba mais sobre cada um deles!

Esfíncter artificial

O esfíncter artificial, utilizado tanto para homens quanto mulheres, funciona como um substituto ao músculo esfíncter – músculo responsável pela oclusão do canal uretral que impede a perda de urina – quando este é lesionado. É um pequeno aparelho, introduzido por cirurgia na região perineal, que ao ser acionado pelo próprio paciente, permite a abertura do canal uretral e, assim, o esvaziamento da bexiga. O aparelho é automaticamente acionado após alguns segundos, voltando a ocluir o canal uretral.

A principal vantagem do esfíncter artificial é a falta da continência urinária sem o risco de reter urina. Em casos mais graves de incontinência, em que o paciente perde urina com mínimos esforços, outras técnicas cirúrgicas levam a uma retenção urinária (necessidade de usar drenos/sondas para esvaziar a bexiga) ou apenas amenizam a incontinência. Neste caso, o paciente perde urina com pressões mais altas ou com um esforço maior, o que acaba por limitar o cotidiano ou a prática de atividades físicas.

No período pós-operatório, o paciente necessita ficar de repouso de acordo com a orientação médica, podendo ser necessário o uso de sonda vesical. O dispositivo só poderá ser acionado 30 dias após a realização da cirurgia. Em casos de pacientes que realizaram sessões de radioterapia local, há um maior risco de complicações.

Marcapasso neural 

O marcapasso neural consiste no implante cirúrgico de um eletrodo e um gerador de pulso através de um procedimento minimamente invasivo. O aparelho emite impulsos que permitem o retorno do controle, tanto da incontinência urinária, quanto incontinência fecal.

Diferente do esfíncter artificial, o marcapasso neural é utilizado em casos onde não houve lesão do esfíncter, mas sim a perda de sua função. Em determinados casos, a musculatura desta região, que envolve o esfíncter, bexiga e demais órgãos, está preservada, mas devido a uma falha na sua inervação – nervos que conectam determinados órgãos ao nosso cérebro – o músculo não obedece o comando do paciente.

A correção simultânea da incontinência urinária e fecal é a grande vantagem oferecida pelo marcapasso neural. Além disso, por se tratar de uma cirurgia ambulatorial, possui baixíssimos riscos ou complicações, sem os efeitos colaterais de outras formas de tratamento. Uma outra importante vantagem desta técnica ocorre em mulheres que possuem dificuldade para urinar. Em alguns casos, como a Síndrome de Fowler, mulheres podem apresentar episódios de retenção urinária intercalados com incontinência urinária. O marcapasso neural, pode, em muitos casos, solucionar este problema.

O procedimento cirúrgico é dividido em duas etapas. Na primeira, o paciente irá realizar um teste de aproximadamente duas semanas, justamente para saber se o tratamento é efetivo e se não há nenhuma complicação. O segundo procedimento, definitivo, possui rápida recuperação. Lembrando que ambos são procedimentos ambulatoriais, com anestesia local, sem necessidade de internação hospitalar. Após este, o paciente não apresenta alterações ou complicações futuras. A duração da bateria pode variar, chegando até 7 anos. 

Quais pacientes podem se beneficiar com o esfíncter artificial e marcapasso neural?

O esfíncter artificial e o marcapasso neural são indicados, basicamente, para pacientes com incontinência urinária totalmente incontinentes, ou seja, que perdem urina constantemente, e para aqueles que perdem aos mínimos esforços (perda de urina ao sentar ou em ficar em pé, sem necessidade de esforços adicionais).

Em particular, o marcapasso neural pode beneficiar pacientes que possuem incontinência por bexiga neurogênica/hiperatividade detrusora, que apresentaram efeitos colaterais às demais formas de tratamento, que não apresentaram resultados favoráveis, que possuem com incontinência fecal associada e pacientes que sofrem com Síndrome de Fowler.

Busque tratamento para incontinência urinária com um profissional especializado

A importância de realizar o tratamento da incontinência urinária, independente da forma optada, está relacionada não só com as questões de saúde, como menor risco de infecções, lesões de pele/dermatites, sedentarismo, mas com questões de bem estar emocional. Devido a incontinência, muitas pessoas deixam de realizar atividades diárias, ficam muito tempo em casa, se afastam de amigos e até mesmo do seu cônjuge, podendo levar a casos de depressão. 

Portanto, o primeiro passo é buscar ajuda especializada. Para aumentar as chances de sucesso do tratamento, é preciso realizar o procedimento com um especialista de referência na área, já que não é qualquer médico que realiza esse tipo de tratamento. Complicações e piora do quadro podem ocorrer caso o procedimento não seja realizado com cautela. Por isso, procure um médico urologista especialista em cirurgias de implantação de marcapasso neural. 

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Material escrito por:
Dr. Leonardo Ortigara
CRM 15149 / RQE 7698